Neste artigo tratarei sobre as principais histórias encontradas ao longo de minhas pesquisas, você poderá se informar sobre diversos fatos históricos envolvendo o tereré e principalmente como a utilidade pratica da erva muda em cada região onde está inserida.
Guerra do Chaco
Um breve resumo sobre esta guerra que envolveu dois países vizinhos, a Bolívia e o Paraguai de 1932 ao ano de 1935, vitimando cerca de 90 mil pessoas.O principal motivo da guerra foi a disputa por um território chamado Chaco Boreal, que estava localizado no Rio Paraguai, importante meio de acesso ao oceano atlântico e a descoberta de poços de petróleo nessas terras.
A Bolívia foi derrotada nesta guerra, mesmo possuindo um exército muito maior, o saldo de percas foram de 60 mil bolivianos para 30 mil paraguaios. Alguns dizem que neste conflito surgiu o tereré, onde para não acenderem fogo e denunciar sua posição, os soldados do exército paraguaio tomavam o mate frio e passaram a gostar do sabor, levando o costume para a cidade quando retornaram.
Escravos ervateiros
Até meados do séc.XX, a comunicação e transporte era muito precário nesta região, por tanto, toda a escoação da produção da erva-mate era feita por meio de estradas e picadas em meio a mata nativa. Era muito comum escravos estarem envolvidos nesta tarefa, já que não tinham a mesma habilidade que os índios para lidar com os ervais.
Durante o trajeto os escravos adotavam as rotas alternativas e viajavam ao anoitecer para evitar que fossem capturados, roubados e torturados. Assim, não podiam acender fogo para fazer comida ou esquentar o mate, pois denunciariam sua posição ou por onde passaram.
Estes escravos que viviam principalmente na região sul do Brasil, tiveram grande importância para o pais ao serem recrutados para a guerra do Paraguai, pois somavam uma grande maioria ao exército e a eles era prometida a liberdade caso saíssem vivos e vitoriosos da batalha.
Em meio a esta dura guerra, era muito comum usarem o chimarrão para elevarem os ânimos e recuperar as energias entre uma batalha e outra, até mesmo durante, mas como muitas vezes não era possível descansar ou parar para esquentar a água e afins por conta dos conflitos intensos, o costume de usar água fria com o mate foi adotado por toda a tropa.
Os índios Guaranis
Provavelmente as duas histórias acima servem para contar como o tereré foi introduzido na sociedade atual e sua importância para o desenvolvimento da região. Contudo, a sua verdadeira origem não remete nem mesmo aos escravos ou paraguaios, mas sim aos primeiros a usarem a erva-mate, seus verdadeiros descobridores, os indígenas.
Cáa como era chamada pelos nativos, era uma das principais plantas da cultura Guarani, sendo que em algumas tribos somente era permitido o seu uso em rituais e consagrações. No primeiro artigo deste blog, onde escrevi sobre a origem da erva-mate cito os primeiros relatos feitos por colonizadores espanhóis sobre o uso da planta pelos indígenas, os instrumentos e métodos de preparo da bebida.
Sendo que os indígenas não aqueciam a água, somente em sua temperatura natural, ou seja, o tereré ou mate-frio já era consumido desde antes dos colonizadores. Possivelmente introduzido na colônia por jesuítas que partiam em missões destinadas á exploração da erva-mate, existem alguns relatos por eles escritos dizendo sobre uma bebida com a erva que matava a sede, melhor que água pura, que são relacionadas ao tereré.
Como o tereré foi introduzido no Brasil?
O tereré foi trazido ao Brasil pelos paraguaios que viviam e trabalhavam nas regiões da fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. A presença deste povo é muito marcante nas regiões sul do estado, sua importância é tanta que nesta região se formou um novo povo, com a miscigenação de cultura brasileira e paraguaia fez-se o Brasilguaio.
E o tereré veio com os paraguaios e se enraizou por todo o estado de Mato Grosso do Sul, principalmente nas regiões do pantanal, onde o tereré foi uma importante ferramenta para a saúde dos boiadeiros pantaneiros.
O manejo do gado introduzido pelos gaúchos é uma das principais atividades econômicas no Pantanal, onde o transporte do gado geralmente é feito á moda antiga, ou seja, longos caminhos são percorridos por boiadas imensas tocadas por corajosos homens que passavam até meses na estrada no lombo de um cavalo.
O tereré foi adotado por esses boiadeiros de uma forma muito singular, como as águas de alguns rios e córregos da região são extremamente salobras, eles usavam a erva-mate para filtrar a água podendo assim consumi-la normalmente, assim, no pantanal eles passaram a tomar durante a viajem toda o tereré não só pela praticidade mas como um instrumento de sobrevivência.
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